A ARQUITETURA DEVE TRADUZIR QUEM SOMOS

A arquitetura dos espaços, tanto na criação de construções e intervenções urbanas quanto nas soluções internas dos ambientes, deve ser feita de maneira a refletir quem somos, pois essa é a única forma de sentirmos bem-estar de verdade.

Mas tem uma pegadinha aí, pois nem sempre sabemos quem somos, pelo menos não realmente. Temos muitos gostos que normalmente vêm de influências superficiais, como aquilo que é tido como bonito ou luxuoso na mídia e na sociedade, por exemplo, ou então criamos uma ideia na nossa mente de quem deveríamos ser e do que deveríamos aparentar.

Todas essas noções são muito superficiais e em geral têm a ver com a imagem que queremos ter para o mundo ou até para nós mesmos. São personagens que inventamos pois achamos que aquela pessoa pode ser aceita ou admirada, e tentamos reproduzir esse conceito nos espaços, para que eles reforcem essa ideia. E isso realmente funciona, até certo ponto, porém não gera a sensação real de bem-estar que vem quando nossa essência é traduzida no meio externo.

O ideal, então, é entrarmos em contato com quem somos em um nível mais profundo, para que o meio externo, incluindo a casa onde vivemos, seja um espelho disso, e não o contrário. Nossos gostos mais essenciais podem variar, de repente, entre o conforto ao ter contato com a natureza, a preferência por espaços mais limpos e organizados, uma vitalidade intensa associada a cores mais fortes ou a necessidade maior de calma e tranquilidade, com tonalidades e uma iluminação mais suave.  Ao colocarmos esses elementos nos espaços que frequentamos, a tendência é nos sentirmos realmente à vontade e com isso funcionarmos melhor em nossas atividades.

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Para isso podemos imaginar os ambientes que gostaríamos como se ninguém mais existisse, por exemplo, e sem o medo de estar “certo” ou “errado”. E quando um profissional desenvolve um projeto, ele pode olhar para as pessoas buscando essas características mais fundamentais, para poder associar as questões técnicas e de harmonia em geral com essa base, que é crucial para uma arquitetura mais humana e sensível.

Soluções copiadas indiscriminadamente de outros lugares ou que tenham como valor fundamental apenas o luxo e a estética vazia podem não encaixar com as pessoas no seu íntimo, e nesse caso elas não se sentem bem mesmo sem saber por quê. Essas soluções funcionam só por um tempo ou só na superfície. Se quisermos resultados que nos toquem de verdade, precisamos fazer esse mergulho e olhar para o mundo e para nós mesmos com o foco mais na essência e menos nas futilidades. Toda a nossa vida é assim, e a arquitetura é só mais um exemplo.

Imagem de capa: Wikipedia

Texto: Arquiteta Fernanda DG

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